A maioria dos portugueses perdeu qualidade de vida em 2010 - quer por comparação com outros povos europeus, quer por comparação com anos anteriores, a qual já era baixa
Sabemos todos que em 2011 a situação piorará.
Esta condição é particularmente dramática para os mais jovens que, contrariando a evolução natural do mundo, sentem que viverão pior que a geração dos seus pais.
Que ninguém o duvide! E não é pela razão politicamente maquiavélica e economicamente keynesiana, de que um emprego não é para TODA a vida.
O conformismo de uma geração que repete até à exaustão tal «slogan» de frase feita, revela os mostrengos paridos da revolução do 25 de Abril.
Mas o «desejo», a conformação e a convicção é tão só para os filhos dos outros.
Hoje, a um jovem qualificado, «não-boy», restam-lhe duas soluções: ou emigra ou prepara-se para uma longa odisseia entre estágios mal pagos e, depois, os recibos verdes.
Precários até sempre.
Amansados e ameaçados pela precariedade.
Rua, se refilares!!! Greves só no dia das mentiras!!!
Aos que optam por ficar no país, ainda que detentores de uma licenciatura, vulgarmente entendida como um sinónimo de progressão social, a sua condição é cada vez mais precária, o seu salário cada vez mais desvalorizado, a sua capacidade produtiva cada vez mais coarctada e a sua capacidade de construir uma vida, cada vez mais adiada.
O desemprego entre jovens licenciados é avassalador. Estima-se que 20% esteja no desemprego, sendo que é de crer que, muitos dos restantes, estarão em condições precárias de subcontratação e tantos outros a trabalhar noutras áreas que não aquelas para as quais estão especialmente habilitados – caixas de supermercado, distribuidores de pizzas, call center e outros que tais.
Conquistar uma profissão é trabalho penoso e com muitos riscos. Desejar um emprego é puro lirismo. Estudar, investigar, aprender e produzir, a partir do conhecimento obtido, não é matéria digna de reconhecimento. O país vive e permanece ferreamente agarrado a uma ideologia de sucesso implementada por Cavaco - que tem em Sócrates o símbolo - servil e fiel precursor, sem a qual, trajectos dourados dos boys do regime seria impossível.
Campo verdejante onde os inúteis, incompetentes e aguerridos «jotinhas» e demais comparsas encontram terreno para florirem ao sol do equinócio.
Aos estudantes é incutido o terror da entrada no mercado de trabalho. É-lhes transmitida a ideia que o "mercado" é muito qualificado e competitivo e que há mão de obra qualificada em excesso. O estudante «deve» admitir tudo fazer para "ganhar curriculum", ainda que a maioria, assim que põe os pés fora da universidade, já esteja mais qualificado que muitos dos homens de sucesso do país de Cavaco e Sócrates. Outros há que, repetitivamente, «aprendem» a escrever o «Ex.mo» e «A Bem da Nação» que lhes chega para se porem de cócoras para o «chefinho», para poderem jantar e ter este acesso: aos 20 anos semi-inúteis; aos 30 inúteis e aos 45 inúteis semi. Peçam-lhes para elaborarem um pequeno texto sobre um qualquer tema e, vejam se entendem o seu conteúdo. Esqueçam os erros de ortografia…mas o quebra-cabeças estará em perceber o conteúdo!!!
Já quanto ao superior, o ensino entenda-se, a instituição é um documento histórico para se provar que existiu um rei, que por sinal de cognome «o lavrador», foi o fundador dos ditos estudos. O aluno, ao entrar, mune-se da maquia para pagar as propinas, depois aprofunda as técnicas de «copy» e «paste», dos plágios e dos «copianços». Na presença do «lente» faz uma cortesia profunda, lê um papel que trouxe na algibeira, previamente «montado» numa mesa de cabeceira e sai fazendo ao lente outra cortesia mais profunda. Se não fizer isto é reprovado.
O medo do futuro, por parte das gerações, em especial das mais novas faz com que se faça querer que umas novas oportunidades, de nada e coisa nenhuma, com objectivos de servirem de mão-de-obra barata para os europeus ricos, ou para com economias que desconhecem as leis do trabalho, são as metas de uns parolos políticos portugueses.
Nada de bom se espera para um 2011 que surge triste e sorumbático.
Com tudo isto, porque te calas?
(artigo publicado no jornal O Interior, em 13 de Janeiro de 2011)
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