segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
As vidas perdidas já não voltam mas que se faça justiça
Carta aberta de um Pai ao dux que alega amnésia selectiva : "Ando aqui com esta merda entalada há já algum tempo. A ouvir as diferentes versões, a pensar nas dúvidas e a pôr-me no lugar das pessoas. Tento pôr-me no lugar dos pais dos teus colegas que morreram. Mas não quero. É um lugar que não quero nem imaginar. É um lugar que imagino ser escuro e vazio. Um vazio que nunca mais será preenchido. Nunca mais, Dux. Sabes o que é isso? Sabes o que é "nunca mais"?https://www.youtube.com/watch?v=PHt31NNV0k0 (vídeo) A história que te recusas a contar cheira cada vez mais a merda, Dux. Primeiro não falavas porque estavas traumatizado e em choque por perderes os teus colegas. Até acredito que estivesses. Agora parece que tens amnésia selectiva. É uma amnésia conveniente, Dux. Se calhar não sabias. Ou então andas a ver se isto passa. Mas isto não é uma simples dor de cabeça, Dux. Isto não vai lá com o tempo nem com uma aspirina. Já passou mais de 1 mês. Continuas calado. Mas os pais dos teus colegas têm todo o tempo do mundo para saber a verdade, Dux. E vão esperar e lutar e espremer e gritar até saberem. Porque tu não tens filhos, Dux. Não sabes do que um pai ou uma mãe é capaz de fazer por um filho. Até onde são capazes de ir. Até quando são capazes de esperar. Vocês, Dux... Vocês e os vossos ridículos pactos de silêncio. Vocês e as vossas praxes da treta. Vocês e a mania que são uns mauzões. Que preparam as pessoas para a vida e para a realidade à base da humilhação, da violência e da tirania. Vou te ensinar uma coisa, Dux. Que se calhar já vai tarde. Mas o que prepara as pessoas para a vida é o amor, a fraternidade, a solidariedade e o civismo. O respeito. A dignidade humana e a auto-estima. Isso é que prepara as pessoas para a vida, Dux. Não é a destruí-las, Dux. É ao contrário. É a reforçá-las. Transtorna-me saber que 6 colegas teus morreram, Dux. Também te deve transtornar a ti. Acredito. Mas devias ter pensado nisso antes. Tu que és o manda-chuva, e eles também, que possivelmente se deixaram ir na conversa. Tinham idade para saber mais. Meco à noite, no inverno, na maior ondulação dos últimos anos, com alerta vermelho para a costa portuguesa? Achavam mesmo que era sítio para se brincar às praxes, Dux? Ou para preparar as pessoas para a vida? Vocês são navy seals, Dux? Estavam a preparar-se para alguma missão na Síria? Enfim. Agora sê homenzinho, Dux. E fala. Vá. És tão dux para umas coisas e agora encolhes-te como um rato. Sabes o que significa dux, Dux? Significa líder em latim. Foste um líder, Dux, foste? Líderes não humilham colegas. Líderes não "empurram" colegas para a morte. Líderes lideram por exemplo. Dão o peito e a cara pelos colegas. Isso é um líder, Dux. Não sei o que isto vai dar, Dux. Não sei até que ponto vai a tua responsabilidade nesta história toda. Mas a forma como a justiça actua neste país pequenino não faz vislumbrar grande justiça. És capaz de te safar de qualquer responsabilidade, qualquer que ela seja. Espero enganar-me. Vamos ver. O que eu sei é que os pais que perderam os filhos precisam de saber o que aconteceu. Precisam mesmo, Dux. É um direito que eles têm. É uma vontade que eles precisam. Negá-los disso, para mim já é um crime, Dux. Um crime contra a humanidade. Uma violação dos direitos humanos fundamentais. Só por isso Dux, já devias ser responsabilizado. É tortura, Dux. E a tortura é crime. Sabes, quero me lembrar de ti para o resto da vida, Dux. Sabes porquê? Porque não quero que o meu filho cresça e se torne num dux. Quero que ele seja o oposto de ti. Quero que ele seja um líder e não um dux. Consegues pereceber o que digo, Dux? Quero que ele respeite todos e todas. Que ele lidere por exemplo. Que ele não humilhe ninguém. Que seja responsável. Que se chegue à frente sempre que tenha que assumir responsabilidades. Que seja corajoso e não um rato nem um cobardezinho. Que seja prudente e inteligente. E quero me lembrar também dos teus colegas que morreram. Porque não quero que o meu filho se deixe "mandar" e humilhar por duxezinhos como tu. Não quero que ele se acobarde nem se encolha perante nenhum duxezinho. Quero que ele saiba dizer "não" quando "não" é a resposta certa. Quando "não" pode salvar a sua dignidade, o seu orgulho ou até a sua vida. Quero que ele saiba dizer "basta" de cabeça erguida e peito cheio perante um duxezinho, um patrãozinho, um governozinho ou qualquer tirano mandão e inseguro que lhe apareça à frente. É isso que eu quero, Dux. Quem o vai preparar para a vida sou eu e a mãe dele, Dux. Não é nenhum dux nem nehuma comissão de praxes. Sabes porquê, Dux? Porque eu não quero um dia estar à espera de respostas de um cobarde com amnésia selectiva. Não quero nunca sentir o vazio dos pais dos teus colegas. Porque quero abraçar o meu filho todos os dias da minha vida até eu morrer, Dux. Percebeste? Até EU morrer. EU, Dux. Não ele."
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
É isto tudo....
“Chega um momento na vida em que temos de mudar a nossa história. Chega um dia em que temos de aceitar que existe quem não nos ame ainda que afirme que sim. Chega um instante em que entendemos que mais nada nos prende ao lugar que nos viu crescer. A alma parte ferida, mas o coração clama por novas narrativas. A desilusão é grande, mas a vontade de partir é ainda maior. Chega um tempo em que deslindamos todas as mentiras que nos agarraram por demasiado tempo a quase nada. Chega enfim um momento em que a vontade de calcorrear um novo caminho ganha convicção dentro de nós. Não sabemos para onde ele nos leva. Só nos importa saber se nos afasta o suficiente de onde já não queremos estar.”
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Grande verdade
21 de Janeiro de 2014
No fundo, é bastante simples. Todos vamos morrer, um dia. Todos. Ter esta noção presente, ajuda a focar. Não é ter uma sombra, como uma letra de fado, sempre ali a pairar, fatalista. É só ter a tranquila noção de que isto de viver é uma coisa muito passageira, e que é frágil, muito frágil.
Perdemos muito tempo. Com coisas menores, com pressa. Pressa para quê?
A nossa vida é, na verdade, um micro mundo, onde os pontos cardeais são as pessoas que nos são importantes. Tentamos não ter de ter tantas saudades delas, quando não estão por perto, tentamos que elas sintam que gostamos mesmo delas, tentamos uma organização básica dos nossos dias, que faça com que as nossas rotinas nos criem uma zona de conforto. Que saibamos com quem contamos, que tenhamos horários padrão, que haja um fio condutor qualquer que faça com que não percamos o pé.
Que os nossos fracassos nos ajudem, nunca perdendo aquela força que vem da ideia de que o que não nos correu bem não nos pode parar e que há que aprender e tentar melhorar, com todo o empenho, sempre. E procurar ajuda, se for preciso. Acreditar nas pessoas e no seu gostar de nós. Exercer o nosso gostar das nossas pessoas, sem reservas é uma saudável tentativa de vida boa.
E quando nos fazem mal, quando somos injustiçados, mal tratados, quando abusam da nossa boa vontade, ou da nossa ingenuidade, é bom ter presente que toda a maldade é fútil. Até porque, um dia, morreremos. Não há volta a dar.
Se fosse hoje, ou amanhã, ou depois? Estaríamos plenamente satisfeitos com o ponto em que estávamos no nosso ultimo segundo? Ou diríamos: se eu soubesse...
Li, há dias, uma reportagem tocante, no Público, sobre os pais de uma rapariga que fazia parte daquele grupo de jovens que desapareceu na praia do Meco, há uns tempos. Impressionou-me aquela dor incomensurável, e dei comigo a pensar que a vida é realmente frágil, é uma folha gasta pelo tempo, que pode rasgar e desfazer-se com um sopro súbito. E que, por vezes, nos distraímos com coisas sem valor, e nos deixamos levar por vertigens que não deviam ter tanto poder sobre nós. Penso nisto e penso também nestes dias de loucura da economia e dos políticos que vivem numa bolha, de relatórios, previsões macro económicas, "indicadores" e depois há cada vez mais gente sem trabalho, sem comida, sem saúde. Todos vamos morrer um dia.
Acho que, se toda a gente pensasse nesta verdade simples, mais vezes, as coisas melhoravam. De repente, olha-se para a vida com uma outra perspectiva, mas serena. E agarramos melhor os dias, tão preciosos e irrepetíveis, em que nos é dado o privilégio de estarmos vivos.
By Pedro ribeiro in DIAS ÚTEIS
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
Ano Novo vida Nova....
Nesta altura de ano novo li pelos vários sitios que visito que o novo ano é como um livro com 365 paginas em branco, e hoje decidi isso mesmo vou começar a escrever um novo livro, hoje foi o prefácio.
Um bom ano de 2014
Um bom ano de 2014
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